PUBLICADO NO JORNAL A TRIBUNA
Todos os anos, importantes campanhas voltadas para a saúde da mulher são lançadas com foco na prevenção de doenças e adoção de hábitos que promovem a longevidade feminina.
Tais movimentos são amplamente divulgados com o objetivo de alcançar um número cada vez maior de mulheres e o sucesso dessas campanhas começa justamente quando elas despertam uma consciência de responsabilidade com si próprio.
Uma recente pesquisa do Datafolha revelou um dado preocupante: 4 milhões de brasileiras nunca foram ao ginecologista, cerca de 5% do total. Outras 6,5 milhões não costumam ir a este especialista.
Podemos afirmar seguramente que esse problema decorre de diversos fatores. Algumas acreditam que não é importante ir ao médico com regularidade ou quando não está sentindo nada. Outras enfrentam dificuldades impostas pelo sistema público de saúde: demora para marcar consulta, conseguir realizar um exame e, em caso de doença, as adversidades para receber um tratamento de qualidade e em tempo hábil.
É fundamental, portanto, avaliar esses fatores e combatê-los em diversas frentes. Afinal, cuidar da saúde é essencial para a manutenção da qualidade de vida. E nesse contexto é preciso que a mulher vá regularmente ao médico para obter as orientações necessárias em cada fase de sua vida, independente de qualquer sintoma que possa ou não aparecer.
Esse dado preocupante da pesquisa revela uma negligência ao que é primordial. Isso porque o ginecologista é o especialista que cuida da saúde feminina nos seus detalhes, que faz parte do cotidiano das mulheres ainda na adolescência e assim vai por toda a sua vida.
Ao longo dos anos, felizmente temos visto a ginecologia mudar a vida de muitas mulheres por meio da prevenção de enfermidades, como câncer de colo de útero, de mama, doenças sexualmente transmissíveis. Isso tudo graças ao fato da conscientização sobre os exames e as consultas de rotina.
Antigamente, não era raro boa parte das mulheres irem ao ginecologista apenas quando sentiam dores ou quando estavam gestantes.
Com a mudança dessa cultura, foi possível implementar na vida de milhões de mulheres uma rotina de exames periódicos e isso permitiu que enfermidades graves fossem diagnosticadas precocemente, possibilitando um tratamento mais eficaz e promovendo uma longevidade feminina bem maior do que tempos atrás.
E é nesse ritmo que precisamos seguir, no sentido de abrir caminhos para que mais e mais mulheres priorizem a importância de se cuidarem e serem cuidadas. Sabemos que, para muitas, as condições são precárias e essas precisam ser priorizadas por meio de políticas públicas que oportunizem o acesso a consultas, exames e tratamentos.
Que todas as mulheres coloquem sua saúde em primeiro lugar. E que tenham a certeza de que não merecem menos que isso!
Thaissa Tinoco é ginecologista e mastologista